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Camilo Castelo Branco

  • Letícia Russoalıntı yaptıgeçen yıl
    Em Camilo, a paixão amorosa exacerba-se, tinge-se das cores mais negras, a tirada romântica perde às vezes a naturalidade por ênfase excessiva e tiques expressivos de época, a oposição dos amantes ao mundo esbarra quase sempre neste contra as barreiras do poder, do dinheiro, dos estatutos sociais, das uniões matrimoniais de conveniência, da inautenticidade levada por vezes até à hipérbole e à caricatura.
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    Parte destes ingredientes se encontra também no Amor de Perdição, mas é utilizada com uma economia e uma eficácia que suprem outras carências evidentes. O desenho das situações é rápido, a intensidade da expressão e da vivência das paixões e dos sentimentos é total, a caracterização das figuras faz-se em duas penadas, o registo da escrita, descontados alguns excessos da expressão amorosa, é certeiro. Mas há outros problemas de que adiante falarei.
    O Camilo que escreve a história tem 35 anos e é, repito, homem já maduro e autor consagrado (tão consagrado que recebe na prisão a visita do rei D. Pedro V). A mulher que está na origem dos seus problemas, Ana Plácido, tem 31, não se sabendo se já era a virago em que veio a tornar-se. Por muito tumultuoso que fosse o caso entre ambos, nem o autor chegara ainda (se é que alguma vez chegou, mesmo com a Corja e o Eusébio Macário ... ) às coordenadas estéticas do realismo literário, nem a camada burguesa em que ambos se integravam estaria em condições de ler uma história passada nesse mesmo meio social e com personagens correspondentes, ainda que sob razoável disfarce, aos dois amantes
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    E assim o conflito amoroso do Camilo da idade madura vai ser espelhado num caso entre dois adolescentes estereotipados de todo, Teresa e Simão, em luta com os respectivos meios familiares e em desafio ao mundo, sem nenhuma densidade psicológica e sem nenhuma experiência da vida.
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    Digamos que Camilo optou por falar de uma situação em estado quimicamente puro para mostrar como ela levava à perdição e à morte e só a partir daí poderia funcionar noutros termos. Mas esta juvenilidade dos protagonistas dá que pensar. Como é que chegam à dignidade da tragédia total uns seres assim? Como é possível alcançar-se um estatuto incontestado de obra-prima a partir de umas criaturas tão jovens, tão esquemáticas e de comportamento tão obstinado?
    Não é apenas o estilo que pode explicar este facto. No Amor de Perdição, Camilo opõe ao mundo envelhecido e rígido dos preconceitos, das prosápias de nobreza, das imposições familiares, dos tabus sociais, um mundo ainda «novo» da revolução dos sentimentos, dos direitos do coração e da pulsão romântica. Já o tinha feito inúmeras vezes, mas agora procurou exprimir tudo isso num caso-limite em que a ansiedade do leitor por conhecer o desfecho e a sua expectativa de que esse desfecho seja feliz são mantidas até ao fim.
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    Aquele é um mundo de pais tiranos, de fidalguias hirtas, de magistrados empertigados e freiras frustradas, de honra, pundonor e compromissos ancien régime, de interesses materiais disfarçados, de reclusões conventuais, de hipocrisias sociais, de sicários e mortes à queima-roupa. Este é um mundo da espontaneidade dos sentimentos, da rejeição das convenções, da violenta atracção e do desejo por cima de todas as barreiras: tem portanto de explodir rapidamente sob pena de, se isso não acontecer, toda essa pulsão ser ingloriamente domesticada e acabar incorporada na ordem social das coisas, uma vez passada a tempestade e apagado o incêndio
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    Dezoito anos! O arrebol dourado e escarlate da manhã da vida! As louçanias do coração que ainda não sonha em frutos, e todo se embalsama no perfume das flores! Dezoito anos! O amor daquela idade! A passagem do seio da família, dos braços de mãe, dos beijos das irmãs para as carícias mais doces da virgem, que se lhe abre ao lado como flor da mesma sazão e dos mesmos aromas, e à mesma hora da vida! Dezoito anos!... E degredado da pátria, do amor e da família! Nunca mais o céu de Portugal, nem liberdade, nem irmãos, nem mãe, nem reabilitação, nem dignidade, nem um amigo!... É triste!
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    Domingos Botelho era extremamente feio.
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    Domingos José Correia Botelho de Mesquita e Meneses, fidalgo de linhagem, e um dos mais antigos solarengos de Vila Real de Trás-os-Montes, era, em 1779, juiz de fora de Cascais, e nesse mesmo ano casara com uma dama do paço, D. Rita Teresa Margarida Preciosa da Veiga Caldeirão Castelo Branco, filha dum capitão de cavalos,
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    faltavam-lhe bens de fortuna
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    Domingos Botelho devia ter uma vocação qualquer, e tinha: era excelente flautista; foi a primeira flauta do seu tempo
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