Este trabalho representa a aposta na existência de um eixo ontológico (o ser humano) inspirador para as ideias de Rousseau, e que unificou seu pensamento por uma causa ética: a premência de um processo de resgate da dignidade individual e coletiva do ser humano. Em cada elemento da investigação enseja-se a centralidade do estado de natureza funcionando como inspiração, método e critério. Ao ser designado por Rousseau como uma condição quiçá inexistente, mas necessária para os nossos juízos morais, o estado de natureza fortificou-se em sua dimensão hipotética, granjeando um caráter motivacional pleno de possibilidades interpretativas. A atualidade desta apreciação comprova-se pela inextinguível tensão do binômio natureza/sociedade, mas sobretudo pela voz interior da consciência subsidiando, reiteradamente, o ideal normativo de uma sociedade pautada por princípios éticos. Afirmar e tentar justificar a unidade do estado de natureza comporta a exigência específica de concentrar, com mais ou menos prudência, algumas ideias constantes na obra rousseauniana. O grau de abstração sobre estas dá-se conforme a adequação da afirmação do primado humano adequado à bondade inata. Neste sentido, a evocação de realidades casuais quer concorrer para uma reflexão direcionada para um maior conhecimento da verdade humana mais substancial. A partir desta configuração, tanto a política como a educação são cruzadas pela ideia de uma bondade inata, atual e pejada de possibilidades éticas.